terça-feira, 29 de março de 2011

Ex-vice-presidente José Alencar morre aos 79 anos

                           Morre o vice-presidente da República, José Alencar

  O ex-vice-presidente da República, José Alencar, morreu no início da tarde desta terça-feira, no Hospital Sírio-Libanês, aos 79 anos, após intensa luta contra o câncer que o acompanhou por quase 14 anos e marcante presença como fiel escudeiro do presidente Lula durante dois mandatos completos (2003-2006 e 2007-2010).
Dono de personalidade forte e opiniões contundentes, que por muitas vezes iam em direção contrária aos conceitos do governo -como no caso da defesa pela redução da taxa de juros-, o empresário que seguiu os rumos da política quando já era milionário se tornou, mais do que um importante apoio a Lula, um símbolo de força, representada por sua luta contra o câncer após seguidas internações e cirurgias.
Casado com Mariza Campos Gomes da Silva, José Alencar deixa três filhos.
Do balcão ao Planalto
Mineiro, de Muriaé, José Alencar Gomes da Silva foi o 11º filho de um total de 15 irmãos. Nasceu pobre (em 17 de outubro de 1931) e trabalhou desde cedo. O primeiro emprego foi de balconista em uma loja de armarinhos aos 14 anos e, aos 18, virou empresário; abriu sua primeira lojinha que vendia um pouco de tudo.

No final de 1959, Alencar entrou para o setor têxtil, assumindo o negócio de um dos irmãos. Oito anos depois, fundava a Companhia de Tecidos Norte de Minas, a Coteminas, em Montes Claros. Hoje, com 11 unidades industriais, as fábricas produzem e distribuem fios, tecidos, malhas, camisetas, meias, toalhas de banho e de rosto, roupões e lençóis, que além do Brasil, abastecem mercados nos Estados Unidos, Europa e Mercosul.
Vida Política

José Alencar deu os primeiros passos na vida política como presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais e vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria. Em 1994, candidatou-se às eleições para o Governo de Minas e, em 1998, disputou vaga no Senado Federal pelo PMDB, elegendo-se por Minas Gerais com quase 3 milhões de votos.
Em 2001, o empresário recebeu convite para ser vice do então candidato à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2002, compôs a chapa com Lula, elegendo-se vice-presidente da República para o período 2003/2006. Atuou também como ministro da Defesa.
Em sua primeira gestão, deu declarações polêmicas, principalmente sobre questões econômicas do próprio governo que integrava, criticando por várias vezes, e de forma áspera, a opção pelos juros altos para manter a economia nos trilhos.
Em 2006, Lula candidata-se à reeleição e novamente convida Alencar para vice. Já filiado ao PR, aceitou novamente ser o vice-presidente na chapa de Lula. Presidente de honra do PR, o vice-presidente José de Alencar é um crítico feroz da política de juros do Banco Central. E sempre que tem chance, reclama das altas taxas praticadas no Brasil.
A luta contra o câncer
Em 1997, através de um check-up, Alencar descobriu tumores na região abdominal - rim e estômago. Após cirurgia, o vice-presidente deixou o hospital sem os dois carcinomas, sem um rim e sem três quartos do estômago, mas sem precisar de quimioterapia nem radioterapia.
Em 2002, durante a campanha eleitoral, Alencar descobre um câncer de próstata durante check-up semestral. Nova cirurgia e, de novo, o empresário não precisou passar por sessões de quimioterapia ou radioterapia.
Em 2006, mais um check-up e outra má notícia: um tumor retroperitonial (porção posterior do abdome). Enquanto os outros eram carcinomas, esse era um sarcoma, que tira, mas ele volta. A nova cirurgia foi feita em Nova York. Mas desta vez, Alencar precisou passar por sessões de quimioterapia.
Em 2007, o tumor no peritônio voltou e Alencar passou por nova cirurgia.
Em 22 de janeiro de 2009, o vice-presidente foi internado para realização de exames. Três dias depois, Alencar foi submetido a uma cirurgia que durou cerca de 18 horas para retirar tumores na região abdominal.
Após receber alta, 27 dias depois de ser internado, ele disse em entrevista: "Não tenho medo da morte, porque não sei o que é a morte. A gente não sabe se a morte é melhor ou pior. Eu não quero viver nenhum dia que não possa ser objeto de orgulho", afirmou. "Peço a Deus que não me dê nenhum tempo de vida a mais, a não ser que eu possa me orgulhar dele".
No dia 9 de julho, Alencar voltou a ser internado no Hospital Sírio Libanês, em São Paulo, para se recuperar de uma cirurgia para corrigir uma obstrução intestinal causada por tumores abdominais. Durante a operação, a 14ª, os médicos retiraram dez tumores, mas ao menos oito ainda permaneceram.
Duas semanas depois, o vice-presidente recebeu alta. Sorrindo e demonstrando ânimo, Alencar deu uma entrevista coletiva no saguão do hospital: "A minha guerra é contra o câncer. Essa última batalha não foi fácil. Estou saindo agora vitorioso dessa batalha, mas a guerra continua", disse.
Cerca de 12 horas depois, o vice-presidente voltou a ser internado com fortes dores para corrigir uma semi-obstrução do intestino grosso identificada na altura do reto. Alencar passou então pela 15ª cirurgia.
No final de 2010, prestes a completar seu segundo mandato como vice-presidente, chegou a ter seu tratamento interrompido devido ao seu estado crítico, que o impediu, inclusive, de comparecer a cerimônia de posse da sucessora de Lula, Dilma Rousseff.

"O BRASIL ACABA DE PERDER UM GRANDE HOMEM DE FIBRA, HOMEM QUE NUNCA DESISTIU DE LUTAR PELA VIDA! HOJE JOSÉ DE ALENCAR PARTIU DA TERRA, MAS NÃO DE NOSSAS MEMÓRIAS..."

                                                                      (Miquinha...)

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