terça-feira, 24 de julho de 2012

Bebês nascidos de cesárea têm mais chances de serem obesos, diz USP

A explicação de Eliene é cientificamente possível. Uma pesquisa desenvolvida pela USP de Ribeirão Preto (SP) comprovou que crianças nascidas de cesárea – como no caso de Gabriela – têm 58% mais chances de se tornarem adultos obesos.
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O principal motivo, segundo os pesquisadores, é que durante a cesariana o bebê não tem contato com o canal vaginal da mãe, que contém micro-organismos – principalmente bactérias – importantes para o desenvolvimento da flora intestinal do recém-nascido.
A pesquisa avaliou 6,8 mil bebês nascidos e cujas famílias residiam em Ribeirão Preto entre junho de 1978 e maio de 1979. Em abril de 2002 e maio de 2004, 2 mil indivíduos do mesmo grupo foram selecionados e convidados para uma nova avaliação. “O objetivo era estudar se as condições do nascimento tinham alguma repercussão com fatores relacionados a doenças crônicas como diabetes e hipertensão”, explicou a pediatra e pesquisadora da USP Heloisa Bettiol.
O resultado obtido foi que 10,4% dos nascidos por parto normal tornaram-se jovens obesos, enquanto os nascidos por cesárea somaram 15,2%, independente de fatores externos como nível socioeconômico, tabagismo ou atividade física.
“Uma hipótese para esse índice é a alteração no desenvolvimento ou na composição da microbiota intestinal. Alguns estudos também apontam que a cesariana está ligada a um risco maior de desenvolver alergias e alguns tipos de câncer”, afirmou Heloisa.
Saúde pública
Para a pediatra, o aumento do número de cesáreas no país é preocupante e oferece riscos para a saúde da população em longo prazo. Segundo Heloisa, entre 1978 e 2010 o índice desse tipo de parto nos hospitais de Ribeirão passou de 30 para 60%. “Em algumas maternidades chega a 90%”, criticou. “Estamos vivendo duas epidemias: de obesidade e de cesarianas. A cesárea pode não ser determinante para que o indivíduo se torne obeso, mas, com certeza, não é a melhor opção para a saúde da criança, que é o futuro adulto.”

Fonte: G1

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