sexta-feira, 18 de maio de 2012

SP: professores tiram dúvidas de português e matemática em estação

No centro da maior cidade brasileira, existe uma estação de trem movimentadíssima. Lá dentro, todos os dias, no meio do corre-corre, existe um lugar procurado por dezenas e dezenas de pessoas com dúvidas para esclarecer. Mas o que elas querem saber não é o itinerário dos trens.
O ambiente é barulhento, mas eles estão concentrados porque sabem aonde querem chegar. Um pouco de prazer e muito de necessidade: esses brasileiros querem ir mais longe nos estudos e precisam superar o que faltou em casa e, principalmente, na escola.
“Meus pais não são alfabetizados. Estou pretendendo fazer uma faculdade, quero buscar minha ascensão no mercado”, avisa o metalúrgico Roberto Alves de Souza.
“Em escolas particulares, constantemente os alunos fazem simulado, fazem provas. No ensino público você não tem muito essa preocupação. Não tem uma prova que pode te barrar de verdade”, diz o estudante Renato Pereira de Sousa.
“O que me atrapalha é a base, de ter a base para conseguir evoluir nas outras matérias”, acrescenta a estudante Renata Barros da Silva.
Há dois anos, na estação de trens do Brás, uma das mais movimentadas de São Paulo, sete professores se revezam para tirar dúvidas. Já são mais de 12 mil atendimentos em uma corrida contra o tempo e as deficiências do ensino público; 61% das dúvidas são de matemática.
“Regra de três, porcentagem e equações. Muitas vezes eles leem as questões, mas não conseguem interpretar as questões”, conta o professor de matemática Julio César da Silva.
Ao todo, 39% dos alunos passageiros querem esclarecer questões de português.
“Eu chego a ter gente que não consegue saber onde termina uma palavra e começa a outra. Eles escrevem em carreirinha”, diz a professora de português Flora Bender.
O trem da educação está lento demais. Uma pesquisa recente confirma que cerca de 50% dos alunos que concluíram o Ensino Fundamental nas escolas públicas não aprenderam o que deveriam em português e matemática.
“A educação é uma política de resultado a longo prazo. Se a gente quer resultado nos próximos dez anos, a gente precisa começar a investir nesses problemas”, conclui Andrea Bergamaschi, coordenadora do Todos pela Educação.


Fonte: G1

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